sexta-feira, 17 de junho de 2011

ATO III - Conselho de Classe

Eles estão ali, cada um no seu quadrado, podem ser de A a Z, letras que tipificam as suas atitudes. Muito mais que uma nota, é preciso dizer o que eles são. Em um conselho de classe, coisas estranhas acontecem: alguns alunos são "sem vergonha", outros são vagabundos, outros são sem pai nem mãe, etc. Cada aluno é quantificado, é preciso dizer o seu valor, é preciso dizer a sua cor - vermelho ou azul. Mas há pressões externas, aquelas parecidas com as forças ocultas que fizeram Jânio Quadros renunciar. Essas forças dizem que os alunos não devem ficar com uma média baixa. Ao mesmo tempo que nos cobram um número e uma cor sobre o aluno, nos impõe um número inquestionável: os índices do IDEB. A nossa prática é atravessada por números que nada mais fazem do que melhorar ou piorar a imagem da nossa escola, da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país... Afinal de contas, quem não tem vergonha na cara, quem  nos obriga a aprovar alunos ou os alunos que estão cagando e andando para a sua própria aprendizagem?

Um comentário: